27 de agosto de 2014

Faceira

A mulher que botou o homem da loucura pra baixo
Ô bicha faceira!
olha nos olhos de seu macho, de cima pra baixo,
Passando a mão em si, dobrando e desdobrando a blusa na barriga
Enquanto ele espera o ônibus da obra, ela olha pra ele e o namora
Como quem não vai voltar pra casa,
Como quem não pertence àquele lugar, mas pertence à ela

Essa mulher, cínica por natureza,
Tem o poder - em si o mistério,
Trabalha à  noite, mas não vendendo o corpo,
Soa lavando copos numa cozinha de um botequinho fuleiro,
Mas que se enche de graça quando seu andar passa, levando as "taças"

Essa mulher faceira, quente, trabalhadeira, que ganha a vida no muque, espera o amor do homem, que ela envolve no ponto, que a princípio, de longe, parece cair no infinito da teia dela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário